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29 abril, 2014

Slenderman

Eu costumava ter uma vida normal. Eu era zelador em um cemitério local. Não era o melhor emprego do mundo, mas hey, pagava minhas contas. Eu vivia sozinho em um complexo de apartamentos que ficava cerca de um quilometro de onde eu trabalhava. Eu gostaria de estar escrevendo histórias curtas sobre minha vida chata e os dias que passei no cemitério, de quando eu trabalhava lá, as tardes eram geralmente crepusculares, eu nunca trabalharia no período noturno. Aquele lugar era muito assustador e ainda deve ser.

Eu ficava longe do cemitério durante a noite. Era sempre a mesma rotina: Vigiar o cemitério, reunir minha ferramentas, sair para recolher o lixo e arrumar as lápides até que começasse a escurecer, depois ia para casa, fazer o que eu quisesse. Nada de especial. Essa rotina durou um ano e meio, desde o dia que comecei o trabalho. Nunca presenciei nada de assustador, como você veria em filmes de terror. Nunca houve gatos pretos, maldições e certamente nenhum zumbi rastejando para fora da terra para comer meu cérebro. No entanto, houve um dia que mudaria minha vida para sempre. O dia que eu o vi, ou melhor, o dia que ele me viu.

Começou como qualquer dia normal. Fui até o cemitério, peguei minhas ferramentas e sai para recolher o lixo. Mas algo parecia diferente naquele dia. É difícil explicar, mas eu me sentia como se estivesse sendo vigiado. Eu olhava ao redor nervosamente, apenas para descobrir que não havia nada ao redor. Os únicos sons que eu ouvia eram pássaros cantando nas árvores e o som dos carros que ocasionalmente passavam. Então eu passei o dia inteiro no limite, algo no fundo de minha mente me dizia que havia mais alguém comigo naquele cemitério. No final de meu turno, quando eu voltei para guardar minhas ferramentas, notei que os pássaros foram embora e não havia nenhum som de carro na estrada. Tudo estava estranhamente silencioso.

Só então eu vi, o que parecia ser um homem de pé há algumas centenas de metros de mim. Pelo que pude ver, ele era anormalmente alto e usava um paletó preto, com uma camisa branca e gravata preta. Estava começando a escurecer, não podia ver seu rosto muito bem, então não podia dizer se era alguém familiar. Gritei para ele, mas ele não se moveu. Apenas ficou lá como um estátua. Comecei a caminhar em direção a ele, acidentalmente deixei minhas ferramentas cair no chão. Eu me abaixei para pegá-los e quando olhei para onde o homem estava, ele tinha ido embora.


Não havia nenhum sinal dele em qualquer lugar. Cocei a cabeça, pensando que eu estava vendo coisas, talvez devido ao excesso de trabalho. Eu guardei minhas ferramentas e fui para casa, mas eu andei um pouco mais rápido que o habitual. Eu ainda estava um pouco nervoso e perguntas encheram minha cabeça. Quem era aquele homem? Porque ele estava lá parado? Como ele desapareceu tão rapidamente? Ele era real, ou apenas uma invenção da minha imaginação? Naquela noite eu mal dormi. Esses pensamentos me causaram insônia.

No dia seguinte, no cemitério, fiquei muito mais tenso. Se uma olhava de árvore caísse na minha cabeça eu gritaria de terror. O meu patrão Jeff saiu para falar comigo. Jeff era um bom rapaz, ele e meu pai se conheciam e foi ele que me deu o emprego de zelador. Ele e eu também somos bons amigos e ele sabia que eu não estava bem naquele dia.

- Steven, qual o problema? – ele me perguntou. – Você parece muito estranho hoje. Há algo errado? – Eu não queria parecer uma pessoa louca, mas eu sabia que nunca poderia mentir para Jeff. Então eu lhe disse a verdade.

- Eu vi uma coisa ontem, Jeff. Havia um homem de terno que estava de pé no cemitério. Ele não me fez nada, mas ele simplesmente desapareceu do nada. Isso tipo me assustou. – Jeff olhou para mim como se fosse louco.

- Espere, como você disse que esse homem era? – Fiquei surpreso que ele realmente acreditava um pouco na minha história.

- Ele era muito, com um belo terno. Estava meio escuro, então não consegui ver seu rosto.

Jeff coçou a cabeça e suspirou:

- Eu não acredito nisso – Revirei meus olhos, pensando que ele estava falando sobre minha história. Mas então ele continuou – Eu não acho que essas lendas sejam verdadeiras. Mas pelo que você me explicou Steven, significa que talvez o Slenderman exista.

Agora eu estava ainda mais confuso.

- Slenderman? O que é um Slenderman?

- Não é pra mim que você deve fazer as perguntas Steve. Eu sei muito pouco sobre ele. Mas eu tenho um amigo, James. Ele sabe tudo que você precisa saber sobre o homem esguio.

Ele pegou um pedaço de papel, um lápis, rabiscou algo, me entregou e disse.

- Este é o endereço do James. Vou ligar para ele e dizer-lhe o que você viu e que você esta indo para aprender mais sobre o Slenderman. Qualquer duvida que possa ter, ele vai respondê-las.
Eu estava pensando que Jeff poderia estar mais louco do que eu, mas eu queria saber o que este Slenderman era.

Naquela noite, eu fiz como Jeff sugeriu e fiz uma visita ao seu amigo James. Quando entrei em sua casa, vi que ele já estava sentado em uma mesa, com fotos espalhadas por todos os lados. Quando entrei pela porta, James me cumprimentou com um sorriso.

- Hey Steve! Jeff me disse que estava chegando. Por favor, sente-se – Puxei  uma cadeira para a mesa e comecei a observar algumas fotos que ele tinha colocado para fora. – Jeff me disse que você acha que viu o Slenderman e que você quer mais informações sobre ele. Pois bem, você veio ao lugar certo. – eu balancei a cabeça e ele começou a me contar tudo que sabia.

- Uma coisa que você deve saber sobre o Slenderman: Ele não é humano -  James começou – Nós não sabemos o que ele é exatamente, mas sabemos com certeza que ele não é humano. Pessoas que o viram descreveram apenas o que você viu, mas ele às vezes é visto com tentáculos negros que surgiram de suas costas. Ele é uma criatura temível, e o mais provável é que ele mata por diversão. Agora deixe-me lhe contar um pouco mais afundo da história do Slenderman. Um dos primeiros exemplos registrados sobre ele, foi por volta de 1500, na Alemanha. Um artista xilográfico chamado Hans Frekeberg criou uma peça que mostrava a criatura sem face. A obra foi descoberta no castelo de Halstbugh em 1833. Esta é a imagem do quadro – Ele deslizou uma das imagens para mim, que mostrava um cavaleiro duelando com uma criatura estranha, humanóide com múltiplos braços e pernas.

James continuou:

- Hoje em dia, Hans Frekengerg é conhecido por sua representação realista da anatomia humana, mas como você pode ver nesse trabalho, o personagem do lado direito tem vário braços e um rosto em forma estranha. Este trabalho é muito diferente de todas suas obras.

Eu fiquei intrigado com a quantidade de de conhecimento que James tinha. Mas ele ainda não tinha terminado. Ele deslizou outra foto para mim. Esta mostrava crianças brincando em um playground, nada fora do comum. Exceto pelo fato de que um homem que se parecia exatamente com o que vi no cemitério estava ao fundo. Olhar para esta foto fez um calafrio subir por minha espinha.


- Agora, esta é provavelmente a primeira fotografia registrada do Slenderman. Você pode vê-lo em segundo plano. De acordo com o registro, cada criança da fotografia desapareceu poucos dias depois dela ter sido tirada. – Fiquei espantado. Eu não podia acreditar no que eu estava vendo. James em seguida, me mostrou mais algumas fotos, cada vez mais modernas. Cada um parecia uma natureza normal, mas ao fundo de cada uma, o mesmo homem alto podia ser visto, aparecendo nas sombras.

- Acho que isso é tudo que você precisa saber – James concluiu – Alguma pergunta? – Eu balancei a cabeça, ainda tentando envolver minha cabeça em torno do por quê ele apareceu para mim.

- Slenderman é uma força misteriosa, Steven – James me contou – Ninguém sabe exatamente porque ele faz as coisas que faz. Talvez faça por diversão, talvez existe uma força ainda maior que usa ele como peão para algum plano, nunca saberemos.

Ouvindo tudo isso, eu sabia que eu tinha que fazer alguma coisa. Eu decidi que no dia seguinte eu iria encontrar o Slenderman e ver por mim mesmo o que ele era. Eu imaginei que ele provavelmente ainda estava nas proximidades do cemitério, então que espero encontrá-lo e capturá-lo.

- Eu não tentaria isso se eu fosse você – Advertiu James – Slenderman tem poderes que você não iria acreditar. O melhor que você pode fazer é deixar a natureza seguir seu próprio curso, faça o que quiser, mas não tente se aproximar dele. – Eu garanti a James que eu não faria tal coisa e agradeci por todas as informações e sai. No entanto, eu estava decidido que iria acabar com o reinado de terror do Slenderman de uma vez por todas.

Eu trabalhei  no dia seguinte como se fosse qualquer outro, mas mantive minha guarda o tempo todo, olhando para todos os lados para encontrar algum sinal do Slenderman. Não achei nenhum sinal o dia inteiro. Mais uma vez meu turno acabou e eu fui guardar minha ferramentas, com exceção de uma lanterna e me dirigi até onde eu tinha visto ele há um par de dias atrás. Como naquele dia fatídico, tudo estava estranhamente silencioso; nenhum pássaro ou carros fazendo som. Eu podia sentir que ele estava por perto. Eu me aproximei da área onde vi pela primeira vez e me sentei em uma das lápides, esperando-o. Eu sabia que eventualmente ele viria. Após cerca de vinte minutos eu comecei a perder as esperanças, até que eu ouvi um barulho vindo das matas que cercava o cemitério. Estava começando a ficar mais escuro e eu fiquei um pouco nervoso. Eu nunca tinha ficado nesta área essa hora da noite. Era quase escuro como o breu agora, eu só tinha a lua cheia e  minha lanterna para iluminar. Juntei um pouco de confiança e entrei na mata com minha lanterna brilhando através da escuridão. Segui o som sussurrante pela floresta e começou a ficar mais e mais alto. O som crescia cada vez mais e meu coração começou a acelerar. O suor começava a escorrer em minha testa e minha mãos tremiam enquanto eu tentava segurar a lanterna constantemente.

- Apareça! – Eu gritei o mais alto que pude. De repente, saindo dos matos eu vi, um esquilo. Deixei escapar um profundo suspiro de alívio quando o esquilo apenas olhou para mim por alguns segundos. Em seguida ele saiu correndo para longe de mim. Eu não pensei em nada, era um esquilo afinal. Eles geralmente te medo da própria sombra. Eu me virei e parecia que eu andei em uma parede de tijolos. 

Eu caí duro no chão e a lanterna escorregou de minha mão. Eu não podia ver muito, mas eu podia ver a silhueta da figura, iluminado pela lua cheia. Tropecei como um louco pegando minha lanterna. Eu iluminei a figura, comecei por suas pernas e levantei a lanterna para cima do seu corpo. Quando eu iluminei o seu torso, vi que ele estava vestido um terno e gravata. Eu juro que senti meu coração parar por um segundo. Eu brilhei a luz para cima de seu rosto e engasguei com o terror que eu vi. 

Essa criatura não tinha rosto. Parecia uma tela vazia. Sem cabelo, sem rosto, sem nada. Apenas uma cabeça branca pálida, olhando para mim, como se soubesse que eu estava lá. Ele devia ter uns tres ou quatro metros de altura. Eu senti duas mão me agarrarem pelo pescoço. Comecei a entrar em pânico meu coração acelerou mais e mais rápido, minha respiração ficou mais pesada. A criatura me puxou para mais perto e me levantou ao si nível. Olhei para onde deveria ter um rosto, ele inclinou a cabeça como se estivesse me observando. Eu mal podia respirar quando ele apertou mais forte meu pescoço. Lutei furiosamente e de repente vário tentáculos negros surgiram de trás da criatura. Eu sabia que este era o meu fim. Eu estava prestes a me tornar mais uma vítima do Slenderman. Ele levantou um dos tentáculos e me preparei para o fim. No entanto, eu ouvi um leve latido de cães e alguns homens chamando por meu nome. Ele levantou um tentáculo e o envolveu em volta do meu antebraço. A dor atravessou todo meu braço e eu estremeci de dor. Se essa coisa não tivesse cortado meu suprimento de ar, eu teria gritado em um assassinato sangrento. A dor era diferente de tudo que eu já tinha experimentado antes. A criatura me jogou no chão e ficou em cima de mim por alguns segundos. Eu olhei para ele e juro que ele acenou pra mim antes de desaparecer na escuridão. Eu recuperei o fôlego enquanto os homens me encontraram. Jeff estava com eles.

- Steven, que porra aconteceu aqui? Ouvimos você gritar, por isso viemos para descobrir o que estava acontecendo.

Com a pouca energia que eu tinha, deixei escapar um sussurro, quase inaudível.

- Foi.. o... Slender... Man – Então tudo ficou escuro.
Quando eu acordei, eu me encontrei em uma cama de hospital, meu pescoço e antebraço ainda estava muito dolorido. Uma vez que eu tinha recuperado a consciência completa, olhei para meu braço e vi que havia uma manha negra onde o Slenderman tinha envolvido seu tentáculo em torno de mim. Olhei para ele por alguns minutos, tentando contemplar por que ele tinha poupado minha vida e me deixou com apenas uma marca negra. Antes que eu tivesse a chance de pensar mais, Jeff e James entraram no meu quarto, Jeff estava com meu notebook.

- Como está se sentindo Steve? – Jeff me perguntou.

- Ainda estou com um pouco de dor – Eu respondi – Os médicos dizem que eu poderei ir embora em breve, talvez amanhã.

- Eu avisei para não se aproximar dele – James sacudiu a cabeça. Imaginei que ele estaria chateado comigo.

- Eu si, eu realmente desejaria ter te escutado – Me desculpei, ele colocou a mão no meu ombro, me confortando.

- Está tudo bem. Eu sei como você se sente. Você queria ter uma visão de perto do Slenderman. Quem não gostaria? Estou surpreso que ele te deixou viver – Eu estava tão surpreso. Se não fosse os homens chamando meu nome, eu provavelmente não teria tanta sorte. Logo depois Jeff me entregou o notebook.

- Por que você me trouxe isso? – Eu perguntei a ele.

- Porque você precisa contar sua experiência – Ele respondeu – A história sobre como você conheceu e sobreviveu ao Slenderman. Tenho certeza de que muita gente quer ouvir sobre isso.

- Mas quem pode dizer que alguém vai acreditar? – Perguntei ironicamente.
James sorriu e colocou a mão no meu ombro.

- Steve, para cada cético há um crente. Tenho certeza de que alguém lá fora vai acreditar. Talvez haja alguém que teve uma experiência como a sua. Agora descanse um pouco antes de começar a escrever.
Os dois começaram a se afastar até que eu chamei ele.

- Hey, por que você acha que ele me deixou isso? – mostrei a marca preta no meu braço e James coçou o queixo.

- Não faço ideia. Eu nunca ouvi falar de nenhum caso relatado sobre isso. Talvez desde que você tenha tido a sorte suficiente de sobreviver ele deixou algo para você nunca esquecer dele. – Ele sorriu e os dois caminharam para fora do meu quarto. Eu ri para mim mesmo no pensamento, mas então percebi que isso não podia ser tão louco afinal. Abri o notebook e comecei a escrever esta história; minha história. A história de minha experiência com o Slenderman. Se eu aprendi uma coisa com essa provação, é que nós nunca poderemos saber quem ou o que é o Slenderman. Mas eu deixo meu aviso pra você, caro leitor. Cuidado com o Slenderman, ele pode estar nos observando nesse exato momento.

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3 comentários:

  1. Slender-man, eu posso ate gostar de sua historia mas duvido que ele exista.

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  2. Daí a pessoa que leu olha para trás e BAM dá de cara com o Slendy o/a encarando :v

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