24 outubro, 2013

O Jogo da Confiança


Abro meus olhos e olho para o teto. Estou preso em uma cadeira, não posso me mover. Alguma espécie de cinto está prensando minha cabeça no lugar para o encosto me forçando a olhar apenas para o teto. Eu movo meus olhos para baixo, posso ver o rosto de outro homem aqui.
A cabeça dele também esta amarrada. Seus olhos não param de se mover para esquerda e à direita, ele está lutando para tentar se libertar. Eu também tento me libertar, sabendo que seria inútil, mas continuo tentando de qualquer maneira. A cadeira esta parafusada no chão. O homem está muito perto de mim, se pudéssemos avançar, nós provavelmente poderíamos nos tocar. Eu estou com medo. Eu não tenho nenhuma ideia de como isso pode acabar.
- Hey - eu disse - você sabe o que está acontecendo aqui?
- Não! Fui dormir e acordei amarrado nessa porra de cadeira com algum babaca na minha frente, que aparentemente, na mesma merda situação
Pergunta estúpida, eu suponho - Você pode mover outra coisa além de seus olhos e boca?
– Que merda, só consigo mover meus dedos dos pés e das mãos.
- Ok, ok, Parece que estamos presos aqui até que quem fez isso decida decida explicar o que esta acontecendo. Qual é o seu nome?
-Mike.
- Eu me chamo Chuck – Eu estou curioso sobre esse homem. Por que eu e ele estamos presos aqui? Talvez ele mesmo que me prendeu nessa cadeira - Você pode pensar em qualquer motivo para você está aqui? Você machucou alguém? Roubou de alguém? Alguma coisa?
- Porra cara, eu nunca fiz nada - ele grita – Duas multas por excesso de velocidade e nada mais. Você acha que alguém iria pelo menos dizer por que eles sequestraram você?
-Eu não consigo pensar em nenhum motivo também - eu digo com sinceridade.
Eu olho para ele, para ver se reconheço ele de algum lugar. Mas nunca vi ele em minha vida. – Mike, você me reconhece de algum lugar?
- Eu acho que não.
- Somos dois desconhecidos estranhos e inocentes. Eu acho que é apenas coincidência. Mas para quê?
Eu olho em volta o tanto quanto eu posso. O teto é alto e eu não consigo ver nenhuma parede. Existe um foco de luz de alta sobre a cabeça nos iluminando. Todos os meus dedos podem sentir são as bordas do braço. Eu não posso ouvir nada além da minha própria respiração e as tentativas de movimentos de meu novo companheiro. Porquê motivos estamos aqui? É alguma espécie de tortura?
Algum psicótico nos trouxe aqui? Seja qual for a resposta, eu prevejo que isso não vai acabar bem. Espero que eu esteja errado.
Eu olho de novo para ele. Ele também está olhando para mim, em pânico, a boca aberta e ofegante. Eu movo meus braços o máximo que eu posso
- Parece tiras ou algo está mantendo meu braço esquerdo e bandas de metal estão em torno de meu braço direito.
-Mas que porra? O que eles estão querendo...
Um barulho alto começou a sair das caixas de som que estava no local. E uma voz retumbante começou a falar.

- Boa noite senhores. Eu quero jogar um jogo. Até agora, naquilo que você chamam de vida, confiar nas pessoas foi sempre um grande problema pra vocês. Mike e Chuck Vocês agora fazem parte do meu joguinho. Entre vocês dois há uma mesa. E nessa mesa há uma arma carregada. Daqui alguns minutos o dispositivo que prende o braço direito de vocês ira liberta-los. O primeiro a pegar a arma e matar o outro vai ganhar como prêmio a própria liberdade. O outro será eliminado e você nunca vai ser incomodado novamente. Se nenhum de vocês disparar a arma dentro de cinco minutos após seus braços forem livres, uma corrente elétrica letal será enviado através de suas cadeiras e ira matar os dois, muito dolorosamente na verdade. Que o jogo comece.

Silêncio. Eu realmente não sei mais como isso pode acabar.
- Que porra é essa, Chuck?
- Eu acho que nós vamos ter que esperar. Talvez eles querem que a gente começe a conhecer o homem que temos que matar.
- Eu não quero matar ninguém! Mas eu com certeza não quero morrer!
- Bem, você prefere me matar ou morrer? Essa é a pergunta importante! A sua vida vale mais a pena que a minha? Você poderá viver sua vida, sabendo que você matou alguém pra continuar vivendo
- Não.... Eu prefiro morrer do que matar alguém, mas eu prefiro viver e sem precisar matar ninguém.
- Eu penso da mesma forma Mike, mas a menos que você acha que possamos desatar o nó em cinco minutos com apenas uma mão ...
Ele ficou em silêncio por um momento, depois começou a sussurrar.
– Não sei? E se conseguisse?
- Certo. Mas como podemos saber se teremos mesmo cinco minutos? Como eu posso confiar em você? Se quando eu estiver quase me soltando, como eu saberei que você não vai com a arma?
- Como eu disse! Eu prefiro morrer do que matar alguém. A melhor escolha que podemos fazer é tentar trabalharmos juntos para sairmos vivos juntos.
- Eu acho que é a única maneira de não nos tornarmos assassinos. - Eu sorrio, mesmo que ele não possa me ver - eu confio em você, você pode confiar em mim também.
Então, esse é o nosso plano, vamos tentar nos libertar e espero que possamos fazê-lo em tempo. Eu não vou tentar pegar a arma e acho que Mike também não ira tentar. Eu começo a bolar uma tática para me soltar. Com um braço livre com certeza será possível soltar o outro braço. E com as duas mãos livres fica mais fácil para soltar o cinto que prende minha cabeça.
- Parece que há três tiras em cada membro, uma na cabeça, um em meus ombros e uma volta da minha cintura.
-São doze tiras no total, cinco minutos é mais que o suficiente.
Vamos esperar.
- Então, você tem uma família Chuck?
- Não, não realmente meus pais estão por perto e eu vejo de vez em quando. Eu tenho apebas alguns amigos, mais nada. E você?
- Eu tenho uma namorada e um filho, e o resto da família. Eu realmente quero voltar a eles. Eu consegui um novo emprego e estou me preparando para comprar minha própria casa. As coisas estavam indo muito bem. Que merda cara! Por que isso tem que acontecer logo agora?
-Por que isso esta acontecendo com a gente? Por que as pessoas gostam tanto de morte?
A vida de alguém como eu contra alguém como ele não parece justo. Eu ainda quero viver apesar de tudo. Eu não quero matá-lo, mas eu não vou me oferecer como um sacrifício para que ele possa viver.
A única coisa que uma pessoa razoável faria é o nosso plano. Nós conversamos por um tempo. Ele me disse sobre onde ele cresceu, o que ele faz para ganhar a vida, como ele conheceu sua namorada, sobre o quão maravilhoso é seu filho. Eu falo sobre algumas coisas, a escola, os amigos, os meus planos na vida. Depois ficamos em silêncio por quase uma hora. Ainda assim, nada aconteceu.
-Ei! Vamos lá! Nós vamos ficar aqui o dia todo?
Nenhuma resposta, apenas o silêncio.
Mike está tremendo, nós dois estamos assustado com o que possa acontecer
- Eu quero ver meu filho novamente. Eu quero sair daqui.
-Mike, apenas relaxe. Pense em como você vai sair daqui, pensar em como livrar o outro braço, a cabeça, o peito, as pernas.
- Tudo bem, tudo bem. Estou bem - Ele não parece bem.
Vamos esperar mais um pouco. Toda vez que eu olho para baixo, Mike parece pior. Eu tento falar com ele, para distrai-lo, mas ele não vai falar de volta. Eu espero um pouco, imaginando nós dois ja livres desse jogo maldito. Ao olhar para ele, parece que eu estive aqui por anos, aqui sentado, olhando para esta mesa. Eventualmente, ele começa a resmungar, mas posso ouvi-lo.
- Não sei se esse plano pode dar certo.Quem nos prendeu aqui poderia estar do lado de fora pronto para nos matar assim que sairmos. Eu nem sei onde estamos. Poderíamos estar no meio do deserto ou na Antártica. Aqui esta tão escuro que poderia haver mais alguém na sala apenas observando e poderia ter escutado o tempo todo e sabem o que pretendemos fazer. Eu nem sei o que está me segurando. Alguém tem que morrer e isso com certeza não serei eu.
-Mike, Mike, Mike foco. Concentre-se em sair. Ninguém tem que morrer. Eu sei disso. Você tem que saber disso também. Doze correias, é só isso. Sairemos vivo ok?

*Clique.*

Contenção é liberada. Eu levanto o meu braço direito para o cinto que está na minha cabeça e começo a tentar me soltar. Vejo Mike chegar do outro lado da mesa, eu sei que não posso alcança-lo
- Desculpa Chuck, eu tenho uma família. Eu tenho mais para viver do que você!
- Não faça isso! Ainda há tempo! Não volte para sua casa como um assassino!
- Foda-se

O cinto na minha cabeça é solta, eu olho para baixo rapidamente. Sua mão esta estendia para mim apontando a arma. Então ele atira. Não há balas

- Cinco anos - eu digo enquanto me levanto, ele fica surpreso ao ver que eu nunca estive amarrado. Eu estendo a mão para o interruptor da matança - Cinco anos com as pessoas mais diferentes possíveis! Mas todos chegam até a arma!

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