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05 outubro, 2020

Sou um assassino de aluguel e minha ultima vitima não era um ser humano

 


Você pode imaginar, eu já estive em situações ruins antes, mas nunca algo assim.
Aqui vai um breve contexto:
Cerca de duas semanas atrás, eu estava perigosamente sem dinheiro. Eu acho que a demanda por assassinos de aluguel não estava exatamente em alta. Naquela altura, eu estava disposto a aceitar qualquer trabalho que fosse menos difícil do que assassinar o presidente.

Consegui exatamente o que queria cerca de uma semana após a chegada do aviso de despejo. R$ 20.000. Um cara. E tanto quanto eu poderia  dizer, nenhuma bagagem anexada. Era apenas um idiota aleatório. Ou pelo menos foi assim que eles me apresentaram.

Agora a pessoa, ou pessoas, que me enviou esta oferta parecia um pouco mais reservada do que um cliente normal. Quer dizer, eu normalmente esperava um nome falso, no mínimo, mas esses caras nem mesmo ofereceram um pseudônimo. Tanto faz, pensei. É o que é, certo?

Eles também não pareciam ter um nome para o alvo, simplesmente se referindo a ele como “o monstro”. Foi... Estranho, para dizer o mínimo. Eles me transferiram 10 mil adiantados. O restante viria depois que eu terminasse o trabalho. Essas eram as condições deles.
Comecei a dirigir para o endereço que eles me deram, onde o alvo deveria estar. Disseram-me que viria chegar à meia-noite, por isso cheguei por volta das 22 horas para montar.

Meu arsenal estava um pouco mais pesado que o normal. Eu estava pensando que esse cara podia estar armado e treinado ou algo assim, já que eles estavam dispostos a me pagar uma merda. Eu estava empalando uma Baretta com silenciador, um CZ-72 totalmente automática, um Remington 870, uma M14 com escopo, uma faca borboleta e alguns socos ingleses, se tivesse que chegar perto. Bem... não era só isso; Havia uma ultima que eu trouxe comido. Uma granada. Bem eu não pensei que realmente iria precisar usa-la. Estava lá apenas para o caso de alguma merda sair extremamente do controle.

Me escondi o melhor que pude na escuridão da fabrica suja e esperei até meia-noite, por volta das 12h11 as porta enferrujadas se abriram. Observei através do meu visor uma figura anormalmente alta entrar, estava vestindo uma blusa e calças compridas. Pela descrição que eles me deram, esse era definitivamente o cara. Quero dizer, quantas pessoas tem 2,5m?

A questão é que ele estava se movendo rápido demais para que eu pudesse acertar um tiro certeiro e eu não queria arriscar entregar minha posição. Na verdade ele estava correndo por qualquer motivo. No entanto parecia estar desarmado, então me permiti relaxar um pouco.

Eu o perdi quando ele bateu uma porta à minha esquerda. Movendo-me silenciosamente, peguei a Beretta, coloquei o CZ-75 no meu coldre e o segui. Agora, o lugar que ele entrou estava escuro como breu, mas eu planejei isso. Coloquei um par de óculos de visão noturna e comecei a percorrer a área. Parecia que ele me levou para um corredor. No entanto, não consegui encontrar o cara. Foi então que o primeiro pensamento peculiar me ocorreu.

Como diabos ele estava enxergando alguma coisa aqui?

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi um grito estridente vindo de algum lugar no final do corredor. Cuidadosamente, manobrei meu caminho até lá e dei uma espiada nos corredores ramificados da esquerda e da direita. Os gritos definitivamente vinham de uma sala à esquerda. Quando cheguei na metade do caminho, ele simplesmente parou de repente. Eu congelei em meus passos.

Foi nesse momento que um corpo saiu voando da sala. Quase gritei em choque, mas consegui me controlar. Eu assisti quando o que parecia ser um homem de 20 e poucos anos bater na parede na minha frente e ricocheteou, plantando o rosto com força no concreto. Fez um barulho doentio e esmagador. Vislumbrando melhor o corpo, notei que uma das pernas parecia amassada. Como se o próprio terminador o tivesse agarrado e apertado com força.

Eu podia ouvir o responsável por isso começando a voltar para o corredor. Sentindo-me extremamente perturbado e um tanto despreparado, recuei silenciosamente para o hall de entrada principal. De lá, Mirei o CZ diretamente nos corredores de interseção e esperei. Quero dizer, não havia como ele me ver... certo?

Meu coração deu um salto com quase cada passo que o cara dava. Ele estava se aproximando. Mais perto. Mais 3 passos... 2...

(tiroteio)

Assim que ele entrou na minha visão, esvaziei todo o pente. Minha precisão sempre foi decente, então eu diria que mais da metade acertou. Contudo...

Ele ainda estava de pé. E não apenas isso, ele mal se encolheu. Foi quando olhei mais de perto seu rosto.

Tudo que eu posso dizer é... que ninguém é assim. Na verdade, nunca vi nada parecido com que estava olhando naquele corredor. Seu rosto era... incompreensível. Não como o demônio convencional ou mutante que você viria nos filmes... era algo com qual o cérebro humano não deveria ficar cara a cara. Não pertencia ao nosso plano de existência.

Seus olhos estavam mudando constantemente... transformando-se, se você preferir assim. Era como se duas íris compartilhassem uma pupila grande e vazia. A boca... se é que poderia chamar assim, estava torcida em um sorriso que parecia envolver toda a sua cabeça, não apenas orelha a orelha. Essas eram as únicas características distinguíveis. O resto da pele em seu rosto parecia estar mudando constantemente entre algo plasmático e as vezes centenas de minúsculos vermes rastejáveis.

Aquela coisa olhou diretamente para mim e soltou uma risada profunda e gutural que parecia reverberar por todo o corredor. Eu até tive que olhar rapidamente para trás porque parecia que estava vindo de todos os lugares.

Eu mal conseguia pensar. Larguei o Cz e puxei a Beretta. Esvaziei três tiros bem na cabeça, mas a monstruosidade mal reagiu. Apenas começou a rir mais alto.

Obviamente essa criatura não morreria tão cedo. Eu pulei para fora do corredor e voltei para o andar principal da fábrica. Meus pensamentos estavam uma bagunça, mas consegui me lembrar onde havia deixado a espingarda. Eu rapidamente fiz meus caminho até lá e o peguei. Quase tive um ataque cardíaco quando me virei a vi aquela coisa olhando diretamente para mim. Ele ainda estava rindo, além de agora babar daquele líquido preto e espesso. Parte disso pegou minha mão e imediatamente corroeu minha pele.

Estremeci de agonia antes de disparar um tiro direto em seu rosto. Desta vez, ele realmente pareceu reagir. Notei que as balas conseguiram perfurar sua pele, mas apenas ligeiramente. Ele parou de rir em vez de deixar escapar um grito estridente e ensurdecedor que quase explodiu meus tímpanos. Ele agarrou meu braço e me jogou a alguns metros de distância. Caí com força batendo o ombro e acho que quase quebrou. No entanto, não tive o luxo de deixa-lo descansar.

Eu bombeei a espingarda de volta e disparei outra bala diretamente no peito da criatura enquanto ele me atacava. No entanto, não consegui sair do caminho rápido o suficiente. O impacto do golpe me mandou voando cerca de três metros no ar. Eu caí desajeitadamente, sentindo meu tornozelo deslocar enquanto o fazia. No entanto, eu também estava bem perto da mochila onde guardava a granada. Havia realmente apenas uma opção deixada aqui. Eu me arremessei até ele e agarrei febrilmente o explosivo.

Assim que coloquei minhas mãos sobre ele, puxei o pino. Eu já podia ouvir a criatura voltando para mim. Eu me virei e rolei em direção à coisa. Eu mal consegui chegar atrás de um pilar a tempo da explosão.

Não acho que o som que ele produziu sairá da minha mente. Não foi apenas um grito. Não apenas um rugido. Era como se todo o ar ao meu redor estivesse sendo sugado para a boca gigante da coisa e distorcido em algum tipo de berro sobrenatural. Saí de trás do pilar para ver a coisa cambaleando. Estava faltando uma perna agora. Mas em vez de um osso para fora, havia algum tipo de apêndice escura e brilhante se contorcendo para fora de seu ombro decepado

Sem correr riscos, esvaziei o resto dos disparos da espingarda na cabeça da criatura. No entanto.... Ele ainda não morreria.

Ele estava muito ferido, mas continuou se movendo. Cansado e com dor, tropecei e observei a entidade bizarra escalar uma parede e sair por uma janela aberta. Essa foi a última vez que vi aquilo.

Imediatamente depois, arrumei minhas coisas, entrei no carro e fui para casa.

Já se passaram algumas horas desde então. Estou sentado aqui agora, ainda em descrença absoluta dos eventos que acabaram de acontecer. Não quero nem começar a pensar sobre o que diabos era aquela coisa. Eu tentei entrar em contato com as pessoas que haviam me enviado atrás dele, mas eles estavam me dando o tratamento de silêncio. Claro.

Mas havia algo bastante interessante que vi no noticiário.

Era uma reportagem sobre um assassinato ocorrido em uma fábrica abandonada. O mesmo em que eu estava. Aqui estava a pessoa que vi sendo espatifada contra uma parede, ele era na verdade um executor procurado por uma gangue criminosa local. Na verdade, apenas alguns dias atrás, outra pessoa foi assassinada em uma cidade vizinha. Eles revistaram sua casa e encontraram evidencias surpreendentes de que ele era um assassino contratado. Apenas outro como eu. Mas isso não foi tudo. Cinco pistoleiros / executores criminosos foram assassinados somente neste mês, todos no mesmo estado em que eu estava. As autoridades suspeitavam que eles deviam estar ligados. Lembro-me de ter  ouvido falar deles em alguns círculos da teia negra algumas semanas atrás, mas não pensei em nada a respeito. Só pensei que eles deviam ser incompetentes.

Também assisti uma coletiva de imprensa da policia em que um jornalista perguntou se poderia ser algum vigilante desonesto à solta.

- Não – Respondeu o policial – A maneira como esses homens estão sendo mortos indica que temos algo mais em nossas mãos. Algo mais brutal. Como um trabalho de um psicopata absoluto e desequilibrado.

Essa coisa inda está viva. E se vier atrás de mim de novo... Acho que não vou ter tanta sorte. Talvez eu apenas contrate outra pessoa para tentar mata-lo.

Vale a pena experimentar.

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